Primeiras palavras
Filosofia para a criança
“Aquilo que sabemos quando ninguém nô-lo pergunta, mas que não sabemos quando o pretendemos explicar, é algo sobre o que devemos refletir.
(*Wittgenstein, Investigações Filosóficas)
A curiosidade infantil é geradora natural de perguntas que numa rápida olhada parecem óbvias, porém nos empurram para um labirinto e por vezes engasgam na inteligência.
Que educador, mãe, irmã, tia nunca se deparou com uma dessas: De onde eu vim? Quanto tempo tem o tempo? Quem sou eu?
As crianças questionam, refletem, explicam, mas não no momento ou tempo esperado pelos adultos. Essas atividades são naturais para elas e sua curiosidade inata vai para além das experiências motoras ou emocionais, é um convite a reflexão onde a imaginação impulsiona a criatividade abrindo um caminho de descobertas na prática do filosofar.
A educação para o filosofar objetiva desenvolver formadores de caráter, relacionados ao modo de ser e conviver.
Os educadores precisam oportunizar momentos de diálogos em que a criança expresse suas ideias com clareza, de forma acolhedora buscando uma autoreflexão crítica a fim de que a curiosidade inicial transponha o lugar comum e transforme-se em reflexão crítica.
O preparo do ambiente, dos recursos, a aplicação intencional de técnicas que favoreçam as atividades deve preceder a prática para que as vivências proporcionem um envolvimento lúdico-afetivo-emocional.
Estou encantada com essa proposta de trabalho, onde não temos uma receita de “bolo” pronta, acabada. É processo.
Filosofia para a criança não se propõe a uma série de técnicas onde o produto final é o ensino da Filosofia. Mas sim de instrumentalizar esses pequenos educando para pensar por si mesmo, tendo acesso ao que a cultura dispõe para seu aprimoramento, para melhoria de vida.
Ao ter sua curiosidade inicial bem acolhida, as sementes lançadas encontram um solo fértil e propiciam o fortalecimento das as três liberdades sem as quais não seria possível as livres escolhas: a liberdade de pensamento, de expressão e de crença.
O não desenvolvimento dessa habilidade inata de autoquestionar-se favorece o benefício dos controles sociais que muito interessam às autoridades. Portanto uma educação para o filosofar nada mais é do que uma educação para democracia.
Débora Cruz - Pedagoga - professora da Educação Infantil na rede pública
* Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (filósofo austríaco, naturalizado britânico, foi um dos principais atores da virada linguística na filosofia do século XX. Suas principais contribuições foram feitas nos campos da lógica, filosofia da linguagem, filosofia da matemática e filosofia da mente.

Nossa amiga, estou muito orgulhosa dos passos que esta dando e mais ainda do espaço que esta abrindo pra um leque de discussões e quem sabe minimização de absurdos. Beijos!! Acsa
ResponderExcluirObrigada amiga pelo apoio. Fique a vontade para publicar suas contribuições! Bjos.
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